A Doação do Amor
Reflexão do Natal - 2011
Existe sempre um Natal que canta, que encanta, que se
mostra, que se doa e doando reflete aquilo que mais tem de importante. Existe
sempre um natal solto e suave, aberto e ao mesmo tempo oculto por entre as
faces nada natalinas nesse período festivo. Existe, tenhamos fé, um verdadeiro
Natal por traz de tanta realidade que tenta se desvencilhar de suas raízes, de
suas memórias, de sua expressão mais viva que simbolicamente é representada
todos os domingos do ano e em um dia especialíssimo.
Existe um Natal sim, muito além das aparências,
profundamente enraizado na história da humanidade e na vida de cada indivíduo
cristão ou não. Um natal que poetisa todos os anos sua história e a história de
cada criança marginalizada na face da terra. Um Natal rico em dor e pobre na
abundância; um Natal doente em sua essência e ao mesmo tempo sadio no seu
conceito. Um Natal de contrastes e dicotomias, controverso e ao mesmo tempo
duplamente sentido de maneira diferente a quem se dar ao trabalho de tentar
compreender esse momento feliz da Humanidade. Da humanidade e de mim, de você,
de nós.
Feliz na dor da rejeição, na dor do pai e da mãe que não
pôde dar um nascimento digno ao seu filho, principalmente. Feliz na especial
presença de Deus que se fez presente e se tornou um presente para seus pais,
pastores e magos. Feliz Natal de quem não teve nem mínima dignidade para
nascer, mas veio ao mundo para torná-lo digno de ser vivido. Feliz de quem pode
ver além das aparências, além do contexto, além da realidade mais que teatral
na qual sequer poderia imaginar tudo que se sucederiam séculos após séculos. E
se algo fosse diferente? Se o berço não fosse de palha mais de ouro? Se por uma
razão algo devesse ser contrário ao acontecido, Deus assim proporia, mas não
foi!
Natal de nascimento e dor, de sofrimentos com amor, de um
dom gratuito pago anos depois por uma morte na qual novamente a dignidade
humana é ferida. Desde o início ao fim foi assim: o Deus que se torna humano na
dor, para expulsar a dor do humano que se quer fazer de Deus. E o Deus-humano
não vendo alternativa diferente, resolveu não levar a dor da humanidade
consigo, mas sentir essa dor e deixá-la com o homem para que o homem entenda
que seu Deus também passou por isso e pior.
O Natal canta um coração encantado por tamanha natureza
de entrega. E na entrada de Deus-Pai pelo Deus-Filho na Humanidade, sua força
se contrai para dar espaço ao humano antes carente na essência da Trindade. Com
a presença mais que preterida da natureza humana presente no Filho, o Espírito
que é Doação se mostra em todo seu encanto. Um fascínio dentro de tantos maus
tratos e depreciações entre irmãos. No paradoxo natalino resta apenas sonhar. E
para o cristão e cristã, sonhar é ter fé, é acreditar na esperança de um Deus
que tudo pode; que tudo transfere para a pessoa aquilo que ele é....
Amor, Natal-Amor, Natal de Amor, Natal de si, de mim, de
quem pode chegar mais perto do Deus que se entregou, que desde quando Nasceu
outra reação não existira no coração dele e de quem dele estivesse perto:
doação. Maria doou seu ventre, José sua paternidade, os pastores seu tempo e
sua adoração, os magos com seus presentes. Os animais com certeza ajudaram a
aquecer aquela noite fria e Deus.... Deus-Pai, doou o seu próprio Filho.
A doação requer de nós um “encanto” para a vida ser
definitivamente aquilo que o Pai antes de todos os séculos preparou para ela. A
doação do Filho deve produzir uma maravilhosa sensação de que estamos no
caminho certo para aquilo que mais almejamos de nossa própria vida, para nossa
própria vida. E ela, não existindo sozinha, ao contrário, partilhada a tantos
os quais conosco estão próximos, familiares, amigos, colegas, tem que ser
entendida como um gesto de doação de Deus a nós. Nós, você, eu, com o dom da
vida, sonhamos, temos fé, acreditamos e vivemos o amor. O Amor que é Jesus como
Deus, como amante do Pai e de toda a humanidade.
Um Santo Natal para todos e Ano novo com Jesus no
coração.
Hugo Galvão
Livros São Gabriel - Anhunti
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